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É possível que a mulher tenha câncer de mama durante a gravidez?

Dr. Giuliano Tosello Mastologista que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama

Apesar de pouco comum, sim, é possível o câncer de mama se manifestar nesse momento tão importante da vida da mulher, que é a gestação. Essa condição é denominada câncer de mama gestacional ou câncer de mama associado à gravidez. Para ter uma ideia, apenas cerca de 3% dos casos da doença são diagnosticados durante a gravidez ou até um ano após o parto, mas o fato é que esse número vem crescendo a cada ano.

Um fator a ser considerado é que, hoje em dia, o adiamento da decisão de engravidar está ficando cada vez comum entre as mulheres, que atualmente resolvem ter o primeiro filho em média com 35 anos. Portanto, é possível constatar que o diagnóstico de câncer de mama durante a gravidez, muitas vezes, pode estar relacionado à idade da mãe, e não à gestação em si. 

Receber esse tipo de notícia não é fácil em nenhum momento da vida, mas, em especial na gravidez, se torna um acontecimento ainda mais delicado. Por isso, principalmente nesses casos, vale ressaltar a importância de manter o acompanhamento médico especializado, com o ginecologista, obstetra e o oncologista, a fim de manter a rotina de exames em dia.

Os sintomas do câncer de mama em mulheres grávidas são os mesmos das demais pacientes e, da mesma forma, precisam se atentar a quaisquer alterações. Entretanto, o diagnóstico de torna mais difícil nesse período, uma vez que as alterações hormonais por conta da gravidez e também no aleitamento materno normalmente fazem os seios se modificarem, em termos de tamanho, densidade e forma, além de aumentar a sensibilidade. 

O perigo é que isso dificulta a detecção do tumor, tanto pela paciente quanto pelo médico, até que ele se torne grande suficientemente para ser percebido, ou seja, quando ele já não se encontra mais em estágio inicial.

Além disso, muitas mulheres deixam de realizar o rastreamento do câncer de mama para fazer somente após o parto. Esse é outro ponto de atenção, já que tanto o período de gestação quanto de amamentação tende a tornar o tecido mamário mais denso, o que pode dificultar a visualização do câncer precocemente na mamografia.

Exames de rastreamento na gravidez

A mamografia é capaz de detectar a maioria dos cânceres de mama e, de forma geral, é um exame seguro para fazer na gravidez. Ainda que envolva radiação, a quantidade necessária nesse caso é bastante pequena e focada nas mamas, sendo que grande parte não alcança outras regiões do corpo. 

Além disso, é colocado na paciente um avental de chumbo, como proteção extra, evitando que a radiação chegue à parte inferior do abdômen, onde fica o útero. Entretanto, ainda não se sabe ao certo os efeitos da radiação, mesmo em pequena quantidade, em bebês que estão em crescimento no útero. 

Também podem ser feitos exames de ultrassom, que não usam radiação e não apresentam riscos durante a gestação.  Por ser um exame mais simples, geralmente é o primeiro a ser solicitado quando aparece alguma alteração na mama e no rastreamento do câncer de mama.

Do mesmo modo, a ressonância magnética não usa radiação e também é considerado um exame seguro para fazer durante a gravidez. Com a exceção do uso de contraste, que pode atravessar a placenta, sendo associado a anormalidades fetais em animais de laboratório. Portanto, a ressonância magnética com contraste não é indicada para mulheres grávidas.

Quando se identifica alguma irregularidade no exame de imagem, a paciente é encaminhada para fazer uma biópsia, a fim de obter um diagnóstico preciso. Esse procedimento geralmente envolve o uso de agulha e anestesia local, o que representa pouco risco para o feto. 

Se a primeira biópsia ainda não for suficiente para obter o diagnóstico, é necessário intervir com a biópsia cirúrgica, em que há uma retirada maior de tecido da mama para análise, com o uso de anestesia geral. Ainda assim, também representa pouco risco para o bebê. 

Tratamento do câncer de mama durante a gravidez

O objetivo do tratamento do câncer de mama numa mulher grávida é o mesmo das mulheres não grávidas. Ou seja, visa a cura sempre que possível ou o controle da doença, a fim de evitar a sua disseminação, quando ela não pode ser curada. 

A diferença é que em mulheres grávidas há uma preocupação a mais, que é proteger ao máximo o feto em desenvolvimento, o que pode tornar o processo de tratamento mais complexo.

De forma geral, as recomendações para o tratamento devem levar em consideração:

  • O tamanho e a localização do tumor;
  • Se houve disseminação;
  • O tempo de gestação;
  • O estado de saúde geral da paciente;
  • As preferências pessoais da paciente.

As escolhas de tratamento dependem de fatores que podem conflitar entre as melhores opções para a mãe e o bem-estar do bebê. Por isso, nessa hora é fundamental conhecer todas as possibilidades e contar com profissionais especializados para tomar as decisões com maior confiança.

Ficou com alguma dúvida sobre esse assunto? Entre em contato e agende a sua consulta.

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Giuliano Tosello Mastologista que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama

Graduado em Medicina pela PUC Campinas.
Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia e em Mastologia - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP-SP

Doutorado em Saúde Baseada em Evidências pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP.
Registro CRM-SP o nº 105484.